A cada semana escrevo com o coração mais apertado.
Não por medo, mas por responsabilidade.
Por sentir que, mais do que nunca, é urgente conversar sobre o que está a acontecer no silêncio de muitas casas — e nos ecrãs de muitos adolescentes.
Falo-vos, mais uma vez, sobre uma dor escondida…
Que se disfarça de raiva.
Que nasce do amor — mas de um amor desequilibrado.
É tempo de agir antes que seja tarde demais!
Sozinhos, frustrados, muitos jovens encontram o seu abrigo, a sua zona de conforto, o seu “local seguro”, em fóruns online como os da cultura Incel (involuntary celibates). Espaços onde, em vez de empatia, encontram ressentimento. Onde a dor é transformada em discurso de ódio. Onde culpam as mulheres pelas suas próprias inseguranças.
E quando essa raiva não encontra resposta na vida real…
Explode.
Muitos rapazes crescem com mães atentas, cuidadoras, que fazem tudo por eles. Que os amam profundamente.
Mas, nesse amor, querem proteger tanto que não deixam espaço para a frustração, para o “não”, para o esforço.
Ao mesmo tempo, os pais estão muitas vezes ausentes — fisicamente ou emocionalmente.
E quando estão, surgem como os que impõem regras, os que se afastam.
O “lobo mau” da história.
E, sem nos darmos conta, estamos a educar rapazes que:
- Têm medo da rejeição.
- Procuram validação constante.
- Acreditam que a rapariga dos seus sonhos vai aparecer só porque “merecem”.
Do outro lado, muitas raparigas cresceram a ver as suas mães numa luta constante: por respeito, por espaço, por amor.
Aprenderam a proteger-se.
A desconfiar do afeto.
Ou pior — a aceitar violência emocional (ou física) como parte do “pacote” de estar com alguém.
Ambos crescem sem saber como amar de forma saudável.
Sem saber como comunicar.
Sem saber como se regular emocionalmente.
Dar tudo não é amar.
Evitar a dor não é proteger.
Amar é preparar.
É frustrar com presença.
É dizer “não” com empatia.
É mostrar que as emoções não são um problema — são parte da solução.
Se estás a ler isto e reconheces algo no teu filho… ou talvez em ti…
Está tudo bem.
Chegou o momento de parar e perguntar: “O que é que ainda posso aprender?”
Pedir ajuda não é falhar. É cuidar.
É crescer com consciência e amor.
Na associação Amar Eva, acompanhamos mães, pais, jovens e educadores, quer através de tertúlias mensais, de sessões individuais e de encontros em grupo, criamos espaços seguros onde todas as preocupações ganham novas perspetivas.
Se sentiste que este texto te tocou, vem.
Há um lugar à tua espera.
Fernanda Ferreira, Professora, Mãe, Fundadora da Associação Amar Eva
Autora do livro “Eva entrega a Costela a Adão”
Vice-presidente Operativa Regional da Europa, na Rede Global de Mentores
Contacto: amareva.associacao@gmail.com