Na hora de comprar um carro, não basta apenas ter disponibilidade financeira para tal, é necessário ter também em conta outras despesas que advêm da utilização do veículo. Tudo somado, pode sair muito caro aos portugueses. E enquanto uns podem abdicar da sua compra, ou diminuir a sua utilização diária, outros não têm outra opção a não ser a sua utilização diária. Mas como é que estes aumentos estão a ser encarados pelos proprietários? E quais as alternativas que estes encontram para fazer face a esta situação? Ter carro está a tornar-se um luxo?
Um ónus financeiro cada vez mais elevado
Não há dúvida de que ter um carro é, no geral, bastante caro e os proprietários começam a senti-lo cada vez mais. De acordo com o novo estudo do Observador Cetelem Automóvel 2023, para a maioria dos condutores portugueses (52%) o custo de utilização dos veículos é elevado, sendo que, no que respeita aos custos anuais de utilização, os portugueses que são proprietários de pelo menos um carro, gastam em média 2.258 euros por ano, o que equivale a 188 euros por mês. Relativamente aos restantes países do estudo, verifica-se que é nos Estados Unidos, Áustria e Noruega que o custo de utilização dos automóveis é mais elevado, alcançando quase €4.000 anualmente.
Aumento dramático dos combustíveis
Quase todas as semanas os preços dos combustíveis sofrem oscilações. No entanto, há uma opinião que se mantém fixa: os preços dos combustíveis são elevados. A afirmação é clara: segundo os dados do Observador Cetelem, em Portugal, 73% consideram os preços dos combustíveis elevados, sendo que, por mês, à data do inquérito, os portugueses gastavam em média 121 euros – menos 20 euros face à média europeia e menos 12 euros face à média global. Na europa, só os polacos pagam menos mensalmente, cerca de 112 euros. Por outro lado, os belgas (165 euros) são os que pagam mais.
Seguros e manutenção ainda considerados razoáveis
No que respeita aos seguros, neste estudo, os preços são considerados elevados por 4 em cada 10 portugueses, gastando estes em média cerca de 337 euros por ano com o seguro, menos do que os 572 euros em média gastos a nível europeu e global. Na europa 1 em cada 2 condutores partilha da mesma opinião, existindo vários países europeus onde as opiniões negativas representam a maioria. Este é particularmente o caso na Bélgica e na Noruega.
Em relação à manutenção e reparação, as opiniões dos condutores são semelhantes, com 4 em cada 10 dos portugueses (43%) e dos inquiridos em geral a consideram estes custos demasiado elevados. Na europa, os espanhóis (48%) são os mais críticos relativamente a estes custos, assim como os belgas (46%) e franceses (45%). Segue-se Portugal, Itália e Polónia com 43% dos inquiridos a concordarem com essa afirmação.
É prioritário reduzir custos, a todo o custo
Perante esta situação de aumento de custos, os condutores não deixaram de reagir, com 6 em cada 10 portugueses a tomar medidas para limitar os custos de utilização dos seus veículos. A vontade de limitar os custos observa-se mais fortemente em 4 países com economias mais frágeis – Turquia (78%), África do Sul, Brasil e México (74% respetivamente).
Relativamente às medidas tomadas pelos portugueses, os dados do Observador Cetelem Auto revelam que a prioridade é mesmo reduzir as despesas do combustível (61%), seguindo-se as despesas relacionadas com as portagens (28%), com a assistência e manutenção (27%), comestacionamentos (24%) e, por fim, com o seguro (20%). A nível global, as prioridades têm uma ligeira variação: para 65% dos entrevistados, a primeira coisa a fazer é reduzir o orçamento do combustível, mas depois segue-se a vontade de atuar ao nível da manutenção e dos seguros dos veículos.
Quais as soluções encontradas para reduzir custos de combustível, manutenção e seguro?
Para diminuir os custos com os combustíveis, a primeira solução encontrada pelos portugueses é drástica: circular menos. Neste sentido, 7 em cada 10 portugueses afirmam que já abdicaram de andar de carro – um valor superior ao registado a nível mundial (6 em cada 10). Ainda assim, em países com economias mais frágeis, tais como a Turquia ou a África do Sul, esta proporção atinge quase 8 em cada 10 pessoas. Por outro lado, 51% dos portugueses estão a otimizar a sua condução (44% a média global) e 50% optam por comparar os preços dos combustíveis e encontrar a estação de serviços mais barata – 46% a nível global.
Ao cumprir o objetivo de eliminar custos com a manutenção, as redes de marcas de automóveis são as primeiras a ser penalizadas: 49% dos portugueses passaram a confiar a manutenção e reparação a independentes – 40% a média global. E 25% dos portugueses optaram por reparem eles próprios o seu veículo – 30% média global. Já 21% dos portugueses escolheram mesmo limitar a manutenção – 25% média global.
Ao nível da redução de custos dos seguros, a principal solução escolhida pelos portugueses consiste em comparar ofertas (37% vs 32% a média global) e a segunda opção, seguida por 34% dos portugueses é renegociar o preço do seguro regularmente – 20% a nível global. Já 25% dos portugueses estão a optar por limitar a proteção, escolhendo uma apólice contra terceiros – 17% nível global.
Comprar carro também está mais caro
Os portugueses somam ainda a estas despesas a atualização do Imposto Sobre Veículos (ISV) e do Imposto Único de Circulação (IUC) que, tal como anunciado, serão atualizados à taxa da inflação, em 2023 – aumentando não só os custos de utilização, mas fazendo-se notar também, de acordo com a opinião de 86% dos portugueses, no aumento de preços das viaturas. Uma opinião a par com a dos austríacos e italianos. Os polacos são, no entanto, os que mais concordam com a ideia (89%). Já os holandeses (23%) e os noruegueses (20%) são os inquiridos que mais consideram que os preços estabilizaram.
Metodologia
As análises económicas e de marketing, bem como as previsões, foram realizadas em parceria com a empresa de estudos e consultoria C-Ways, especializada em Marketing de Antecipação. O inquérito quantitativo aos consumidores foi conduzido pela Harris Interactive entre 23 de junho e 8 de julho de 2022, em 18 países: África do Sul, Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Japão, México, Noruega, Polónia, Portugal, Reino Unido e Turquia. No total, foram entrevistadas online 16.600 pessoas (método de recolha CAWI). Os entrevistados, com idades entre 18 e 65 anos, foram selecionados a partir de amostras nacionais representativas de cada país. A representatividade da amostra é assegurada pelo método de quotas (sexo, idade). Foram realizadas 800 em cada país, exceto em França onde foram realizadas 3.000 entrevistas.