Era só ciúmes.
Foi “só” por amor.
Foi “só” para proteger.
Filipa acreditou nisso durante 25 anos.
Durante 25 anos, foi torturada, violada, e humilhada por um homem que dizia amá-la.
Rapou-lhe o cabelo.
Rapou-lhe as sobrancelhas.
Apagou-lhe a identidade.
Apagou-lhe a liberdade.
Mas o mais devastador disto tudo não foi o que ele fez com as mãos.
Foi o que ela acreditou com o coração.
Que ciúmes era amor.
Que controle era proteção.
Que silêncio era sobrevivência.
📍Ciúme é uma emoção, um medo disfarçado, uma insegurança camuflada.
É alguém que não se conhece nem se sente suficiente, a tentar possuir o outro como forma de se validar.
O ciúme não é amor.
É apego ansioso, é necessidade de controlo, é uma ameaça.
E quando uma mulher — como a Filipa — acredita que esse ciúme é sinal de amor, não está a ser fraca.
Está apenas a tentar sobreviver.
E é por isso que Amar Eva acredita que é tão importante a prevenção, a informação, a formação, a mentoria.
Vivemos o dia-a-dia de forma inconsciente, repetindo padrões emocionais do passado.
As experiências que tivemos — ou que vimos — tornaram-se familiares.
E o cérebro, esse grande gestor de economia energética, prefere o conhecido ao saudável.
A Filipa cresceu a associar controlo a amor?
Talvez.
Viu a mãe calar-se?
Possivelmente.
Foi ensinada a agradar para ser protegida?
Quase de certeza.
E assim, foi-se habituando à dor como se fosse casa.
À violência como se fosse vínculo.
Ao medo como se fosse merecido.
A grande pergunta que devemos colocar não é só “porque ele fez isto?”, mas também:
Como é que ela ficou tanto tempo sem sair?
E a resposta é:
- Porque a identidade dela estava presa ao passado.
- Porque os pensamentos dela alimentavam emoções que reforçavam comportamentos.
- E porque a única preocupação era sobreviver, não em viver.
A grande reflexão, para fazer diferente, no caminho para sair, não é tão fácil quanto prender o agressor. O caminho para sair é interno, antes de ser externo.
Não se trata só de sair de casa.
Trata-se de sair do papel de vítima.
De parar de acreditar que merecemos menos do que liberdade.
Não é fácil, mas é possível.
É por isso que existimos na Associação Amar Eva.
Para ajudar mulheres a reconstruir-se de dentro para fora.
Não com frases feitas.
Mas com ferramentas reais.
Com mentoria, com educação emocional, com verdade.
Porque, como diria Joe Dispenza:
“Não é o ambiente que nos define, somos nós que podemos aprender a mudar o nosso estado interno para mudar a nossa realidade externa.”
Filipa sobreviveu.
Mas quantas Filipas ainda acreditam que ciúmes é amor?
Que este seja o momento em que escolhemos libertar-nos.
Não só dos agressores, mas dos pensamentos que nos mantêm ligadas a eles.
Amar começa por dentro.
Sempre.
Fernanda Ferreira, Professora, Mãe, Fundadora da Associação Amar Eva
Autora do livro “Eva entrega a Costela a Adão”
Vice-presidente Operativa Regional da Europa, na Rede Global de Mentores
Contacto: amareva.associacao@gmail.com