Em Portugal, mais de metade dos inquiridos (52%) utilizam ferramentas de Inteligência Artificial (IA) pelo menos uma vez por mês, um aumento de 9 pp. em comparação com o ano passado, com 31% a afirmar utilizá-la mais do que uma vez por semana (+8 pp. vs. 2023), segundo o estudo “Consumer Sentiment Survey 2024”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG). A proporção de portugueses que utiliza IA pelo menos uma vez por mês aumenta para 64% em adultos entre os 18 e os 24 anos e decresce para 29% em adultos com mais de 64 anos.
Ainda relativamente à frequência de utilização desta tecnologia, cerca de um quarto (26%) dos inquiridos admite já a ter experimentado, mas não usufruir, e 22% revela nunca ter usado estas ferramentas, um valor que caiu 16 pp. face a 2023.
Apesar de a maioria dos portugueses já ter experimentado ferramentas de IA, apenas 4% revela poupar mais de 5 horas semanais, e cerca de metade da população (53%) afirma poupar menos de 1 hora de trabalho por semana recorrendo à Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa).
“Em Portugal apenas 30% dos trabalhadores afirma usar IA regularmente, enquanto em vários países europeus mais de metade dos trabalhadores já incorporam IA na sua rotina de trabalho semanal”, afirma Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa. “É importante evoluir rapidamente na adoção e incorporação destas capacidades e valências, havendo cada vez mais evidência dos seus benefícios. Neste contexto, cabe às lideranças das nossas empresas e equipa dar o exemplo e promover a experimentação, a formação e a progressiva maior adoção e integração nos processos de trabalho.”
No que respeita a perceção sobre o impacto da tecnologia nas suas vidas, 1 em cada 5 portugueses (20%) acredita que a IA terá um impacto significativo na sua vida, menos 13 pp. em relação ao ano passado, com outros 38% a ter a expectativa de um impacto moderado (+10 pp. face a 2023), 16% de um impacto mínimo e 7% nenhum impacto. Além disso, 20% dos inquiridos assume que não conhece a tecnologia ou não sabe estimar a sua repercussão.
Quanto aos sentimentos em relação à IA generativa, 42% dos portugueses revela interesse ou entusiasmo, menos 5 pp. em comparação ao ano anterior. Paralelamente, 4 em cada 10 (41%) inquiridos admitem sentir cautela ou preocupação (+3 pp. face a 2023), e 17% assume uma posição de neutralidade.
Quando questionados acerca da possibilidade de os seus trabalhos desaparecem devido à Inteligência Artificial nos próximos 10 anos, quase metade (44%) dos portugueses acredita que esta tecnologia não irá substituir as suas funções. Em oposição, 48% dos inquiridos considera que o desenvolvimento e adoção de IA vai trazer alguma redução de carga horária. Destes, 3 em cada 10 perspetivam que a redução será inferior a 50% da carga atual e 18% acredita que será superior, valores que se mantêm em relação ao ano passado. Apenas 8% acredita que o seu trabalho será totalmente substituído pela tecnologia.
Promover formação em IA é um fator chave para tirar proveito da tecnologia
Outro estudo recente da BCG denominado “FiveMust-Haves for Effective AI Upskilling” revela que é necessário capacitar os colaboradores para dominar as ferramentas de Inteligência Artificial e tirar o máximo proveito destas no seu trabalho. Neste contexto, a consultora recomenda cinco ações para as empresas melhorarem as competências de IA dos seus profissionais:
- Avaliar necessidades e medir resultados. As organizações devem realizar uma avaliação específica das necessidades de capacitação em IA para cada grupo de trabalho e medir os resultados, alinhando a formação com a estratégia da empresa e avaliando o retorno sobre o investimento em formação.
- Preparar os profissionais para a tecnologia. É importante que as organizações esclareçam como a IA otimiza tarefas e facilita o trabalho individual e em equipa, recorrendo a campanhas de sensibilização e ações que a integrem na cultura corporativa para apoiar a adaptação.
- Incentivar os colaboradores a desenvolverem capacidades de IA. Motivar os colaboradores a aprender sobre IA, abordando receios e perceções de ameaça é crucial para desenvolver um espírito recetivo, através da oferta de incentivos e segurança psicológica, num ambiente de aprendizagem voluntário.
- Tornar a adoção da IA uma prioridade para a liderança. Nas organizações, é essencial que a liderança promova o uso da IA, com os executivos a integrar ferramentas de IA na cultura organizacional para fomentar a capacitação.
- Usar a própria tecnologia para a capacitação em IA. As empresas devem utilizar ferramentas de IA para tornar a aprendizagem acessível e prática, adotando uma abordagem personalizada que alinhe a formação com objetivos específicos e casos de uso prioritários da organização.
O estudo “Consumer Sentiment Survey” tem como base um inquérito a 1.000 portugueses em todo o território de Portugal continental, conduzido entre 6 e 20 de agosto de 2024, com base em 38 perguntas relacionadas com o sentimento dos portugueses para com os seus hábitos de consumo este ano.