O acompanhamento de alterações legislativas e de decisões administrativas da Autoridade Tributária (AT) são a principal preocupação dos responsáveis dos departamentos fiscais das empresas em Portugal, auscultados na 2ª edição do estudo T(ech)x Survey da Deloitte.
De acordo com este relatório, para cerca de 26% das empresas nacionais consultadas, as matérias legislativas e administrativas estão no topo das preocupações ou prioridades, o que representa uma diminuição de 7 pontos percentuais face ao verificado na primeira edição do estudo realizada em 2020.
Por outro lado, os inquiridos mostraram também a preocupação na adoção de soluções de tax technology, que continua a ser uma das prioridades das organizações (16%), e numa proporção idêntica à já observada em 2020. Esta preocupação está a par do cumprimento atempado das obrigações declarativas (15%) que, ainda assim, apresenta um ligeiro acréscimo face a 2020.
De acordo com Luís Belo, Partner & Tax Leader da Deloitte, “atendendo à pandemia com que nos temos deparado, os últimos dois anos foram fortemente marcados por inúmeras restrições a vários níveis. Ao nível da fiscalidade, e em particular no que respeita ao cumprimento de obrigações fiscais recorrentes, entendemos que o facto das relações entre a Autoridade Tributária e as empresas assentar, quase exclusivamente, em modelos de comunicação de base tecnológica terá permitido que as referidas restrições tenham sido minimizadas”.
O estudo, que consultou 155 responsáveis de empresas a operar em Portugal, indica que a
prioridade dada à adoção de soluções de tax technology surge aliada ao facto de as organizações reconhecerem como muito boa (12%) ou boa (45%) a capacidade tecnológica da Autoridade Tributária, em particular em áreas relacionadas com a submissão eletrónica de todos os modelos e formulários e o cruzamento de informações de diversas fontes.
A tax technology tem vindo a ser utilizada em processos relativos a pagamento de impostos (26%), data quality checking (24%) e data analytics (23%), tendo diminuído o enfoque, face ao observado em 2020, no uso em processos de data compliance.
O estudo confirma ainda que o uso de tax technology está agora mais direcionado para o controlo da qualidade da informação produzida e a análise da mesma, o que poderá ser revelador de que a implementação de soluções de automatização de processos tendentes ao cumprimento de obrigações já se encontra numa fase de consolidação.
A média de investimento realizado em tax technology por parte das organizações é de menos de 20.000 euros anuais sendo reconhecido por uma parte significativa das organizações que o investimento que efetua em tax technology não acompanha o que é realizado pela Autoridade Tributária (32%).
Ainda que 37% das organizações reconheça que o investimento que efetua neste tipo de soluções é insuficiente, a média de investimento prevista pelas organizações para o próximo ano situa-se igualmente em valores de até 20.000 euros anuais.
Reconhece-se, contudo, que o uso de tax technology é de importância elevada (60%) ou moderada (35%), tendo sido identificadas como áreas a endereçar, em termos funcionais, as áreas dos impostos indiretos e diretos, e ao nível dos processos, a verificação da qualidade da informação produzida e a sua análise.
A perceção de que o sistema fiscal é instável e complexo continua a ser indicado como o potencial motivo que limita o investimento das organizações em tax technology (56%).
Por último, na generalidade das situações (74%), o contexto pandémico dos últimos anos não teve impacto na tomada de decisão de investimento em tax technology.
Pode encontrar o estudo completo aqui.
Ficha Técnica:
O inquérito que serviu de base a este estudo foi realizado durante o mês de fevereiro de 2022 e foi dirigido a um conjunto de organizações com sede fiscal em Portugal. De entre as organizações convidadas a participar, foram obtidas 155 respostas válidas. Todas as respostas foram recolhidas de forma anónima e confidencial, sendo apenas analisadas no seu conjunto e para os objetivos do estudo.