O mercado de finanças integradas (embedded finance), que se traduz na integração de serviços financeiros em contextos não bancários, deverá atingir os 320 mil milhões de dólares em receitas a nível global até 2030, sobretudo através de pagamentos, empréstimos e seguros, segundo o estudo “Global Fintech Report 2024: Prudence, Profits, and Growth”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a QED Investors. O segmento das pequenas e médias empresas (PME) será responsável por cerca de metade das receitas deste mercado (150 mil milhões de dólares), seguido pelo retalho (120 mil milhões de dólares) e pelas grandes empresas (50 mil milhões de dólares).
Nos próximos anos, o setor financeiro deverá ser influenciado por outras tendências além da expansão das finanças integradas. O comércio eletrónico moldará o setor pela positiva ao aumentar o fluxo de receitas, promovendo a fidelização dos clientes e permitindo oferecer um canal direto de marketing às empresas com quem trabalham. Através da recolha e análise de dados específicos, os bancos conseguem apresentar anúncios hiper-personalizados aos seus clientes e os comerciantes pagam ao banco posteriormente com base nas vendas ou no tráfego atribuível. Também o open banking – sistema que permite a partilha de informações financeiras entre instituições com o consentimento dos clientes – terá impacto no setor, sobretudo ao nível da publicidade, uma vez que o livre acesso a dados ao nível das transações permitirá aos atores do ecossistema financeiro garantir ofertas mais oportunas, direcionadas e individualizadas. Finalmente, a IA generativa vai continuar a melhorar a produtividade nos serviços financeiros, sobretudo nas fintechs, dado que as suas estruturas estão orientadas para áreas em que a tecnologia está a permitir ganhos de eficiência, tais como a codificação, apoio ao cliente e marketing digital.
- As fintechs devem planear a sua venda para serem cotadas em bolsa, sendo que o planeamento da Oferta Pública Inicial (IPO) exige a apresentação de uma estratégia de investimento abrangente sobre como irão atrair utilizadores a custos sustentáveis, crescer de forma rentável e cumprir os crescentes requisitos regulamentares;
- Os bancos, enquanto operadores tradicionais, devem inovar, promover plataformas de envolvimento digital e aproveitar as suas vastas bases de dados sobre as necessidades e o comportamento dos clientes para ganhar vantagem competitiva;
- Os governos precisam de criar infraestruturas abrangentes e integradas, sobretudo nos mercados emergentes, implementando um ecossistema de infraestrutura pública digital. Assim, alargam o acesso aos serviços financeiros, estimulando a inovação e beneficiando o público e o mercado.
O relatório, que pode ser lido na íntegra aqui, é baseado em entrevistas com mais de 60 CEO’s e investidores de fintechs globais.
Outro estudo recente da BCG, intitulado “To Expand Financial Inclusion, Embrace Innovation”, revela que a tecnologia e novas abordagens são alavancas importanteS para expandir a inclusão financeira, numa altura em que, de acordo com o Banco Mundial, 25% da população global ainda não tem acesso a serviços bancários. Nesta linha, a consultora recomenda que os atores do ecossistema financeiro, nomeadamente os bancos, fintechs, fornecedores de pagamentos, governos e ONG’s, colaborem para renovar e criar estruturas financeiras e estimular a confiança no setor. Desta forma, conseguem capitalizar as novas tecnologias e as abordagens inovadoras, aliando-as a um plano de negócio claro que permita escalar os resultados positivos e promover uma maior inclusão financeira. Aqueles que conseguirem desenvolver estratégias eficazes para expandir a inclusão financeira podem atrair novos clientes e aumentar a sua quota de mercado, ganhando competitividade no setor e promovendo o impacto social.