99% do volume de negócio deste cluster é exportado, o que corresponde a 23% do total de exportações de bens transacionáveis nacionais
O cluster da indústria automóvel conta, a nível nacional, com um volume de negócios superior a 20 mil milhões de euros. Esta é uma das conclusões do estudo “Caracterização do Cluster da Indústria Automóvel em Portugal”, levado a cabo pela Mobinov. O documento – que analisa a composição da fileira industrial automóvel em Portugal e, ainda, o seu impacto na economia, emprego e sociedade – revela, ainda, que 99 por cento deste volume de negócio é exportado, o que corresponde a 23 por cento das exportações de bens transacionáveis nacionais.
Cluster altamente qualificado e com mais de 85 mil postos de trabalho
Estratégico e vital para a economia portuguesa, o cluster destaca-se, igualmente, pela crescente geração de riqueza – 5.720 milhões de euros de riqueza anual criada (VAB), o que equivale a 2,4 por cento do PIB nacional. Fortemente exportador, contribui, ainda, para a criação de emprego de elevada qualificação. Neste ponto, destaque-se os mais de 85.700 postos de trabalho (em 2022), o que representa cerca de 11 por cento do emprego da indústria transformadora. Saliente-se, ainda, que a remuneração média dos trabalhadores do cluster é superior à média nacional e da restante indústria transformadora, o que demonstra a aposta na captação e retenção de talento crítico, essencial para potenciar o desenvolvimento e crescimento do mesmo. A remuneração total do cluster sofreu aumentos significativos nos anos posteriores à pandemia, com um crescimento médio anual, entre 2020 e 2022, de quase sete por cento.
A transformação da indústria automóvel
Além dos grandes números do setor, o estudo dá a conhecer, ainda, a transformação da indústria automóvel, destacando-se, aqui, as tendências de futuro da mobilidade e do setor automóvel. A transição digital e climática encontra-se, por isso, em análise no estudo que as vê e encara como locomotivas da competitividade.
Jorge Rosa, presidente da Mobinov, refere que “na Mobinov, como cluster automóvel de Portugal, encaramos estes desafios com grande seriedade e compromisso, assumindo como aposta estratégica o papel de auxiliar as empresas no processo de descarbonização e transição digital”. E acrescenta: “Temos em marcha, por isso mesmo, dois projetos que visam dar respostas a estes desafios – o Roteiro para a Descarbonização do Setor Automóvel e o Digital Innovation Hub 4 GLOBAL AUTOMOTIVE”.
A Mobinov destaca, por isso, os desafios e outras tendências, que estão e vão continuar a influenciar de forma estrutural o futuro do cluster, nomeadamente, os veículos autónomos, segurança e conforto no veículo, mobility as a service(MaaS), conetividade, big data analytics, digitalização e indústria 4.0, economia circular e descarbonização produtiva e, ainda, over-the-air updates e desenvolvimento regulamentar.
Um cluster catalisador de desenvolvimento de outras indústrias
Jorge Rosa, presidente da Mobinov, destaca que “estes números são a prova de que este cluster é, sem dúvida, uma verdadeira locomotiva do desenvolvimento económico e social de Portugal”. E acrescenta: “Somos catalisadores de desenvolvimento de outras indústrias que olham para o nosso setor e percebem a necessidade de também evoluírem. Este é, claramente, um setor com um enorme potencial de inovação e de crescimento”.
“A indústria automóvel em Portugal pode tornar-se, progressivamente, um “cluster dominante”, que atrai, para território nacional, produções de maior valor acrescentado, capitalizando capacidade de engenharia, eficiência produtiva, inovação e custos competitivos”, refere, ainda, Jorge Rosa. E finaliza: “Os resultados do estudo são inequívocos quanto à importância estratégica deste cluster para Portugal, revelando a importância da criação da Mobinov como plataforma agregadora e mobilizadora da cooperação necessária para continuar a garantir e fortalecer a competitividade do setor em território nacional”.
Destaque-se, ainda, que Portugal desenvolve atividade de construção automóvel desde os anos 50. Contudo, só a partir dos anos 90, com o início da atividade da VW Autoeuropa, em Palmela, é que o país assistiu a um desenvolvimento constante e sustentado das suas valências de fabrico automóvel, contando, neste momento, com cinco fábricas de produção de automóveis, fortemente orientadas para a exportação. Apesar da indústria de construção automóvel relevante, o coração do cluster auto nacional reside na produção de componentes, onde existem mais de 1.000 empresas industriais, que fornecem componentes diversos, acessórios, transformação ou equipamentos e ferramentas industriais específicos como moldes.
O estudo “Caracterização do Cluster da Indústria Automóvel em Portugal” acaba de ser apresentado no 11º Encontro da Indústria Automóvel, iniciativa promovida pela AFIA (Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel). O evento teve, este ano, como tema central “Mobility: The future is already past”.