Para 83% dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde que responderam ao “Índex Nacional de Acesso ao Medicamento Hospitalar” 2021, a negociação de medicamentos por via europeia é vista com bons olhos, acreditando que dessa forma o acesso à inovação terapêutica seria mais célere e os custos de aquisição mais baixos. No estudo que recolheu dados relativos a 2020, promovido pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares com coordenação científica da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, e apoio da Ordem dos Farmacêuticos, ao qual responderam 61% dos hospitais do SNS, é ainda possível concluir que a carga administrativa continua a ser a grande barreira no acesso a novos medicamentos e que, em 50% dos hospitais, as roturas no fornecimento de medicamentos aconteceram mensalmente e em 30% semanalmente, sendo esta situação considerada um problema grave por 77% das instituições.
Ainda assim, 87% dos hospitais do SNS têm acesso a medicamentos antes da decisão de financiamento, através do mecanismo de Autorização de Utilização Especial (AUE), com ou sem Autorização de Introdução no Mercado (AIM), garantindo assim, na globalidade, o acesso à inovação terapêutica, embora com níveis de acesso diferentes entre si, gerando assim desigualdades neste acesso.
Em 2020, a média ponderada do “Índex Global de Acesso ao Medicamento Hospitalar” foi de 66%, resultado obtido através de uma fórmula de cálculo, que incluiu a análise de seis dimensões: (1) Acesso ao medicamento inovador; (2) Distribuição de proximidade; (3) Importância das roturas no acesso ao medicamento; (4) Acesso ao medicamento em função do custo/financiamento; (5) Utilização de medicamentos baseada em resultados; e (6) Acesso em fase de pré-financiamento. Após a introdução de uma nova terapêutica, 53% dos hospitais monitorizam, para efeitos internos, os resultados desta utilização, sendo que 30% efetua a gestão de dados relativos à utilização dos medicamentos em contexto de vida real, nomeadamente no que respeita a dados de efetividade e segurança.
No que respeita à dispensa de proximidade, 87% das instituições possui um programa de dispensa de medicamentos de proximidade, ainda que a grande maioria (54%) o tenha implementado em contexto de resposta à pandemia. O domicílio e a farmácia comunitária continuam a ser os locais preferenciais na entrega destes medicamentos. Neste seguimento, e com vista a apoiar os doentes na realização correta da sua terapêutica medicamentosa, a consulta farmacêutica é já uma realidade em 46% dos hospitais e na grande maioria (58%) para todos os doentes, independentemente da sua doença. Recorde-se que no estudo apresentado no ano passado no Fórum do Medicamento sobre a “Acessibilidade e dispensa de proximidade ao medicamento hospitalar”, realizado a doentes e cuidadores, 82,9% dos inquiridos gostaria que, no futuro, o levantamento da medicação fosse realizado numa farmácia perto de si (43,7%) ou em casa (39,2%) e 65% mostrava-se disponível para pagar por essa dispensa de proximidade, independentemente de pagarem ou não taxas moderadores.
Estes e outros dados serão apresentados publicamente esta manhã, em mais uma edição do Fórum do Medicamento, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), com o apoio da AstraZeneca e que conta com transmissão em direto no Facebook e Youtube da APAH.
Veja a Infografia com resultados do “Índex Nacional de Acesso ao Medicamento Hospitalar” 2021 aqui!