Do ponto de vista regional, o aumento da gestão de ativos foi mais expressivo na América do Norte (16%) e no Japão e Austrália (15%), e acima da média na América Latina e no Médio Oriente e África, ambas com um aumento de 13%. Em oposição, o crescimento do setor ficou abaixo da média na Europa (8%) e na Ásia-Pacífico, excluindo Japão e Austrália (5%).
“Embora se tenha assistido a um aumento dos ativos sob gestão em 2023, o setor enfrenta desafios relevantes de um ponto de vista de rentabilidade, sobretudo devido ao aumento dos custos e à falta de produtos inovadores e diferenciados”, afirma Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa. “Uma das alavancas para o aumento de competitividade no futuro, deverá ser o investimento em Inteligência Artificial Generativa com enfoque em aumento de produtividade e capacidade de personalização de produtos e oportunidades em mercados privados, garantindo assim uma maior criação de valor”.
Cinco desafios que estão a afetar o setor da gestão de ativos
- Pressão sobre as receitas. Os gestores de ativos não podem confiar da mesma forma no desempenho do mercado para impulsionar o crescimento das receitas no futuro. Desde 2005, quase 90% do aumento das receitas teve origem na valorização do mercado. Contudo, atualmente, a maioria dos bancos centrais continua a lutar contra a inflação, sendo expectável que as taxas de juro se mantenham elevadas, limitando o aumento das receitas.
- Priorização de fundos passivos. Os produtos financeiros passivos continuam a captar a maior parte dos net flows. Em 2023, estes produtos atraíram 70% do total dos fluxos globais de fundos mútuos e de fundos negociados em bolsa (cerca de 920 mil milhões de dólares), um incremento acentuado face ao período de 2019 a 2022, quando 57% dos net flows foram direcionados para fundos passivos.
- Aceleração da pressão sobre as taxas. A taxa média para o setor em 2023 foi de 22 pontos base (bps), abaixo dos 25 bps em 2015 e dos 26 bps em 2010. A tendência para políticas monetárias restritivas, combinada com a incerteza geral do mercado, levou os investidores a optarem por produtos com menores taxas, diminuindo os riscos associados.
- Aumento dos custos. Os custos neste setor estão a aumentar numa trajetória ascendente contínua, tendo crescido cerca de 80% desde 2010, a uma taxa de crescimento anual composta de 5%, o que dificulta o trabalho dos gestores de ativos e a sua competitividade no mercado.
- Carência de produtos inovadores. Apesar das tentativas de inovação, há menos produtos novos a ser desenvolvidos e embora os gestores de ativos se esforcem nesse sentido, muitas ofertas não foram bem-sucedidas, sendo que apenas 37% de todos os fundos de investimento lançados em 2013 ainda existiam em 2023. Trata-se de uma diminuição significativa em comparação com 2010, quando 60% dos fundos lançados uma década antes continuavam ativos.
Face a estes desafios, a BCG recomenda uma abordagem assente em três P’s: produtividade, personalização e mercados privados. Os gestores de ativos devem aumentar a produtividade, nomeadamente recorrendo à Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa), personalizar o envolvimento dos clientes e expandir-se para os mercados privados. Assim, terão maior facilidade para se adaptarem a um novo modelo operacional a fim de crescer e serem mais rentáveis.
Inteligência Artificial Generativa pode impulsionar o setor
À medida que a revolução tecnológica ganha impulso, os gestores de ativos têm oportunidade de investir na IA Generativa e de a integrar nas suas operações de forma estratégica, potenciando vantagens competitivas. A maioria dos gestores de ativos (72%) acredita que essa tecnologia terá um impacto significativo ou transformador na sua organização nos próximos três a cinco anos, e 66% prioriza a sua introdução nas organizações. Além disso, 75% dos gestores de ativos está a dedicar capital e recursos humanos para a implementação de ferramentas de IA Generativa a curto prazo. Porém, apenas 16% definiu uma estratégia para as executar em toda a empresa, concluem os inquéritos da BCG, em parceria com o Investment Company Institute (ICI) e o CFA Institute, a 57 gestores de ativos, que representam mais de 15 biliões de dólares em ativos sob gestão, acerca do papel da IA nos seus negócios.
O relatório está disponível na íntegra aqui.