Mais de 8 em cada 10 (86%) executivos afirmam que as suas organizações estão a usar a Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa) para impulsionar a inovação, nomeadamente para pesquisa e desenvolvimento (P&D) e criação de produtos, mas apenas 8% estão a adotá-la em escala, segundo o relatório “Most Innovative Companies 2024: Innovation Systems Need a Reboot”, desenvolvido pela Boston Consulting Group (BCG). Apesar de a maioria das empresas nos diversos setores estar a experimentar esta tecnologia para inovar, este ano apenas 10% dos inquiridos revela que a sua implementação teve impactos reais na organização, uma diminuição de 27 pontos percentuais (pp.) face a 2022.
“À medida que a tecnologia avança, as empresas devem adaptar-se para se manterem competitivas, sendo que a implementação de IA Generativa pode ajudar a inovar, a ser mais eficiente e a ter um melhor desempenho”, afirma Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa. “Contudo, e apesar da maior parte das organizações priorizar a inovação mais do que no passado, os resultados mostram que estas estão atualmente menos preparadas para cumprir os seus objetivos nesta área face ao ano passado e que, sem uma estratégia bem definida para guiar a sua implementação nas organizações, são suscetíveis de ter um desempenho inferior ao seu potencial”.
Quando inquiridos sobre os principais obstáculos que as organizações enfrentam e que dificultam a inovação, o aumento das taxas de juro e as restrições de talento são apontados como especialmente desafiantes por 47% e 44% dos executivos, respetivamente, sendo que mais de metade (52%) destaca as estratégias pouco claras ou demasiado amplas como o principal desafio.
O relatório revela ainda que quase metade dos executivos (48%) considera que a sua organização se esforça para alinhar as estratégias de negócio e de inovação, mas apenas 12% combina efetivamente ambas as estratégias. Estes dados sugerem uma falta de clareza em relação às oportunidades de médio e longo prazo, uma vez que alinhar a estratégia empresarial e a de inovação proporciona melhores resultados. As empresas que optam por esta abordagem atingem uma percentagem de receitas de novos produtos 74% superior àquelas que não o fazem.
As organizações mais inovadoras e com melhor desempenho alinham a sua estratégia de negócio à estratégia de inovação, combinando a análise avançada de dados e a criatividade estratégica para criar valor. Nesta linha, a BCG recomenda cinco estratégias para as organizações ganharem competitividade:
- Aposta em liderança forte. A inovação empresarial parte da liderança, sendo importante que os executivos implementem planos de inovação de cima para baixo, concentrando-se em princípios-chave: estabelecimento de metas ambiciosas, definição de estratégias claras e priorização dos valores e necessidades da organização.
- Definição do papel da inovação na organização. A inovação empresarial influencia a sua direção estratégica, contribuindo para o sucesso global da organização. Assim, importa definir objetivos claros de inovação que se enquadrem na estratégia de negócio da empresa e que permitam um crescimento sustentado.
- Foco na vantagem competitiva. A organização deve concentrar-se em oportunidades de mercado em que tem maior potencial de ter sucesso com base nos seus ativos estratégicos únicos, por forma a maximizar o potencial dos investimentos em inovação.
- Áreas de inovação bem definidas e identificação clara do portefólio. As organizações precisam de definir uma estratégia de inovação específica de modo a cumprir as suas ambições estratégicas. Neste sentido, devem harmonizar o seu portefólio e concentrar-se em investir em áreas específicas e bem definidas para potenciar sucesso a longo prazo.
- Desenvolvimento de objetivos quantificáveis. A organização deve traçar uma perspetiva concreta e baseada em dados sólidos que permita prever e medir o contributo das atividades de inovação para os seus objetivos globais. Além disso, precisa de estabelecer prazos claros e de definir uma abordagem analítica para quantificar o risco. É com base nestes fatores que poderá fazer escolhas informadas, definindo objetivos de inovação realistas e exequíveis e mitigando potenciais riscos associados.