A pandemia relançou o debate sobre os apoios à cultura e evidenciou, uma vez mais, a dependência desta área face aos subsídios, expondo a fragilidade do setor. É urgente debater novas estratégias
Ana Ventura Miranda, Fundadora Arte Institute
Está a chegar a 4.ª edição do RHI (Revolution Hope Imagination), evento que se realiza entre os dias 17 e 24 de junho de 2022 em 12 cidades de Portugal – Évora, Cascais, Lisboa, Torres Vedras, Alcobaça, Leiria, Loulé, Faro, Porto, Vidigueira, Braga e Funchal e que conta, na sua programação, com palestras, workshops e showcases, bem como a participação inédita, em Portugal, de programadores culturais internacionais que vêm descobrir novos talentos.
Organizado pelo Arte Institute, organismo criado em 2011, em Nova Iorque, por Ana Ventura Miranda, com o objetivo de internacionalizar a arte e cultura portuguesa contemporânea, o RHI é um evento que pretende reunir artistas, agentes culturais e público em geral, com o objetivo de debater o futuro da cultura e das artes e encontrar novas estratégias para a promoção nacional e internacional dos “nossos” artistas.
O Arte Institute, que este ano celebra 11 anos ao serviço da cultura portuguesa, conta com um Conselho Artístico de nomes tão reputados como Jerry Schatzberg, fotógrafo e cineasta, Tim Ries, Saxofonista dos “The Rolling Stones”, Pilar del Rio, Presidente da Fundação Saramago e John Gonçalves, músico dos “The Gift”. A Caixa Geral de Depósitos, a FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e ao Grupo Pestana Hotel são algumas das instituições que apoiam este organismo e as suas iniciativas.
“A pandemia relançou o debate sobre os apoios à cultura e evidenciou, uma vez mais, a dependência desta área face aos subsídios, expondo a fragilidade do setor”, refere Ana Ventura Miranda, fundadora do Arte Institute e organizadora do RHI. “Hoje, mais do que nunca, urge unir os artistas, os promotores culturais, as marcas e os agentes turísticos para que juntos, encontremos novas formas de apoiar as artes, promovendo novos palcos, uma nova esperança e novos horizontes para a cultura nacional”, acrescenta.

Para os artistas, o RHI representa ainda uma oportunidade única de mostrar aos diversos programadores artísticos internacionais presentes no evento, o que de melhor se faz em Portugal. “O RHI é já uma espécie de trampolim para palcos internacionais já que estes programadores estão em Portugal como uma espécie de “olheiros da cultura”, em busca de novos talentos para lançar nos seus palcos. A prová-lo, temos já vários exemplos de sucesso, fruto de edições passadas”, explica Ana Ventura Miranda.
Churky, Surma, Moullinex, Ap The Rapper, Ricardo J.Martin, Dança em Diálogos, Karyna Gomes, Guarda-Rios ou Marcelo Magdalene são apenas alguns dos artistas que, devido à sua participação no RHI, foram vistos por alguns dos programadores presentes no evento e posteriormente foram convidados para atuar em palcos de São Paulo, Cairo, Central Park/NY, Miami, Cabo Verde ou Rio de Janeiro.
De entre os programadores artísticos internacionais que intervêm no RHI encontram-seMaure Aronson, fundador da Global Arts Live, organização não governamental que promove a melhor música internacional, dança contemporânea e jazz mundiais nos palcos de Boston (EUA), Connie Lopes, renomada produtora brasileira diretora artística do Festival Back2Black, Joni Schwalbach, etnomusicologista, pianista, compositor e videógrafo moçambicano, criador do MMM – Mozambique Music Meeting, e um promotor ativo da herança cultural moçambicana. A programação conta ainda com a presença de Adilson Gomes, diretor Geral das Artes e das Indústrias Criativas do Governo de Cabo Verde e de Ricardo Pinto, diretor do Ponto Final, um jornal de Macau em língua portuguesa.
Os programadores têm ainda presença confirmada em diversas palestras nas 12 cidades para discutir o modelo empresarial de Arte & Negócios dos seus mercados, mas também apresentar as suas organizações e respetivos modelos operacionais.
O evento RHI passa por Lisboa, no dia 20 de junho, na Culturgest, dia em que serão debatidas as relações entre as artes e os negócios ou as artes e o turismo. Das 10h às 20h, poderá assistir a conferências e palestras como “Portugal é Culturalmente Empreendedor – Case studies de projetos”, “O Turismo e Cultura unidos”, “O mercado cultural internacional pela voz de programadores de renome internacional” e ainda assistir a um showcase de artistas.

A fundadora do Arte Institute, Ana Ventura Miranda, iniciou a sua carreira como atriz e produtora e ao mudar-se para Nova Iorque, trabalhou como jornalista para a televisão portuguesa e para a Rádio ONU, colaborou na Missão Permanente de Portugal junto das Nações Unidas e na emblemática Sonnabend Gallery. Em 2011, fundou o Arte Institute, um instituto independente, sem fins lucrativos, para a internacionalização da arte e cultura contemporânea portuguesa. Tem sido responsável pela organização de diversos eventos culturais em todo o mundo, incluindo o NY Portuguese Short Film Festival, a Semana José Saramago em NY, Pessoa in New York, Arte Institute Contemporary Dance at Alvin Ailey, “Gaiola Dourada no MoMA”, Portugal in Soho, Programa do Arte Institute no Iberian Suite Festival do Kennedy Center, Concertos SummerStage no Central Park, entre vários outros. Em 2015 recebeu o Prémio D. Antónia Ferreira e em 2017 o Prémio da PALCUS na categoria de Leadership for the Arts. Em 2019, criou a iniciativa RHI que vai na IV Edição.
O RHI conta com um alargado leque de investidores como a Caixa Geral de Depósitos, Fundação Millennium BCP, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Grupo Hotel Pestana, Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, Pares Advogados e Polarising. Conta ainda com a parceria das Câmaras Municipais de Torres Vedras, Loulé, Leiria, Alcobaça, Funchal, Vidigueira e Lisboa.