O setor das Finanças e Imobiliário está a atravessar uma profunda transformação. Fatores como as pressões económicas, as mudanças estruturais no mundo do trabalho, os avanços tecnológicos e as alterações na regulamentação estão a alterar o contexto global deste sector e a exigir uma adaptação por parte das empresas, que devem repensar as suas estratégias e prioridades, de forma de forma a equilibrar a necessidade de transformação, com a gestão de riscos.
Para analisar esta transformação, o ManpowerGroup lança um novo estudo de Global Insights, que identifica as principais tendências que estão a definir o presente e o futuro do trabalho no setor das Finanças e Imobiliário.
“O setor das Finanças e Imobiliário tem vindo a ser impactado por forças disruptivas que estão a transformar a forma como as organizações operam e competem no mercado. Neste contexto de disrupção, a oportunidade de gerar valor é significativa, mas será essencial contar com talento qualificado”, afirma Pedro Amorim, Corporate Sales Director do ManpowerGroup. “O desenvolvimento de estratégias de atração e retenção de talento diferenciadoras e centradas no candidato deve, por isso, ser uma prioridade para os líderes deste setor, que competem com outros por um número limitado de candidatos qualificados em competências como IA, Big Data, CX ou Cibersegurança”, conclui.
- Escassez de talento: um desafio chave para o desenvolvimento do setor
Com a evolução tecnológica e as mudanças na regulamentação a impactarem o setor das Finanças e Imobiliário, aumenta a procura por talento qualificado, nomeadamente de profissionais com competências de transformação digital, cibersegurança, compliance, e data analytics, cada vez mais necessários para permitir às organizações operar em ambientes financeiros complexos e impulsionar a inovação.
Este talento especializado qualificado é escasso e muito solicitado. De facto, os empregadores terão de competir com empresas de outros setores, que também estão a ampliar as suas iniciativas de transformação digital e procuram os mesmos perfis de qualificações. Assim, o estudo revela que 72% das empresas de finanças e imobiliário antecipam que irão continuar a ter dificuldades em encontrar o talento de que necessitam.
- Impacto da IA no setor financeiro
A IA está a ser rapidamente integrada nas operações financeiras, sendo adotada para aperfeiçoar operações, otimizar o atendimento ao cliente e reforçar a gestão de riscos das instituições.
De acordo com o estudo, em 2024, mais de metade (54%) dos empregadores deste setor, a nível mundial, revelaram recorrer a ferramentas empresariais de IA conversacional, um aumento de 26% face ao registado em 2023. No entanto, esta transição traz também alguns desafios, nomeadamente a privacidade e regulamentação (36%), os elevados custos de investimento (35%) e a falta de competências em IA (30%).
Face a este cenário, será essencial reduzir a atual escassez de competências de IA, cujo impacto na produtividade dos trabalhadores pode chegar aos 40%, segundo dados do MIT. O investimento na capacitação será, por isso, uma importante estratégia para responder à escassez de talento e reduzir o pessimismo dos trabalhadores quanto aos impactos desta tecnologia no futuro do trabalho.
- A aposta na Experiência do Cliente (CX)
O setor financeiro é uma área onde o consumidor é cada vez mais digital e mobile first, com 57% dos utilizadores a utilizar ativamente o telemóvel para gerir os seus serviços bancários em 2023, segundo dados referidos no estudo. O nível de exigência na experiência de consumo está igualmente a aumentar, com a procura de mais personalização e onmicanalidade, sendo que 60% dos clientes deste setor estão mesmo dispostos a partilhar uma grande quantidade de dados para obter serviços mais rápidos e simples.
Face a esta realidade, as empresas financeiras estão a aumentar os seus investimentos em inovação, como forma de melhorar a Experiência do Cliente (CX), recorrendo, cada vez mais, à IA e a Big Data para antecipar as necessidades dos clientes.
Esta aposta apresenta desafios para os empregadores, já que a inovação em CX depende uma força de trabalho criativa e qualificada, que possa conceber, testar e lançar continuamente iniciativas para melhorar a experiência do cliente. Este é um perfil de talento escasso e muito solicitado por diferentes setores. De facto, o estudo revela que, no setor financeiro, os perfis com competências em tecnologias de informação e data são os mais difíceis de recrutar, seguindo-se os profissionais com valências em vendas, marketing e gestão da relação com o cliente.
- Externalização e offshoring como forma de potenciar eficiências
A crescente aposta na externalização e offshoring nos serviços financeiros tem permitido às empresas do setor aceder a talento qualificado em mercados diversificados, apostando em localizações no estrangeiro que oferecem vantagens competitivas em termos de custos laborais e especialização. Este movimento oferece às organizações financeira a possibilidade de simplificar operações, melhorar a entrega de serviços e focar-se nas suas competências-chave, num contexto de mercado desafiante.
Importa, ainda assim, avançar com a contratação global de talento de forma prudente, e com parceiros que cumpram as regulamentações em vigor nos diferentes mercados, pois esta atuação está a ser alvo de crescente escrutínio regulamentar.
Ao mesmo tempo, a necessidade de gerir riscos geopolíticos globais e as perturbações nas cadeias de abastecimento está também a impulsionar um movimento de aproximação aos mercados locais neste setor, o que irá necessariamente impactar as estratégias de atração de talento destas organizações.
- O impacto do Return to Office (RTO) no imobiliário comercial
O setor imobiliário comercial está a recuperar, impulsionado pela evolução nas taxas de juro e pela crescente adesão a modelos de trabalho híbridos, que combinam operações remotas e no escritório.
Dados da KPMG indicam que a maioria dos CEOs (83%) espera um regresso total aos escritórios nos próximos três anos, um aumento significativo face a 2023, quando apenas 64% previam essa tendência. Não obstante, e embora o equilíbrio atual de poderes favoreça os empregadores, este movimento deve ser gerido com precaução, pois mais de um terço dos trabalhadores de todos os setores a afirmam ter intenção de mudar de emprego nos próximos seis meses, segundo o Global Talent Barometer, do ManpowerGroup.
Nesse sentido, é importante que os empregadores vejam este movimento de regresso aos escritórios como uma oportunidade para repensarem os espaços de trabalho, com intencionalidade e foco na interação, na colaboração e na produtividade.
O setor das Finanças e Imobiliário atravessa uma fase de transformação acelerada, marcada pela disrupção tecnológicas e exigências crescentes por parte de clientes e reguladores. A capacidade de adaptação das organizações dependerá, em grande medida, da forma como conseguirem antecipar as tendências, atrair talento escasso, investir na qualificação das suas equipas para construir modelos operacionais mais ágeis, resilientes e orientados para o futuro.
O estudo do ManpowerGroup pode ser consultado na íntegra aqui.