Partindo da trilogia Utopia-Prospetiva-Política, o evento reuniu figuras políticas como Elisa Ferreira, Pedro Teixeira e Renato Janine Ribeiro
Como queremos que o país e o mundo sejam em 2050? O que podemos fazer hoje para assegurar o futuro que desejamos? Estas foram apenas algumas das perguntas a que o Fórum 2050 se propôs responder, com o objetivo de encontrar diversas abordagens para a construção de políticas públicas que garantam, no horizonte do ano 2050, o bem-estar, a segurança, a felicidade e a sustentabilidade da nossa sociedade.
Partindo da trilogia Utopia – Prospetiva – Política, a iniciativa analisou diferentes propostas para o futuro, sob o ponto de vista dos Estudos sobre a Utopia e dos Estudos do Futuro.
Paralelamente, o Fórum 2050 visou também promover a literacia sobre o futuro junto das comunidades, sublinhando o imperativo da justiça intergeracional. O evento contou com a presença de mais de 20 especialistas nacionais e internacionais de diferentes áreas científicas e tradições filosóficas, bem como de figuras políticas, entre as quais Elisa Ferreira (comissária europeia para a Coesão e Reformas), Pedro Teixeira (secretário de Estado do Ensino Superior) e Renato Janine Ribeiro (ex-ministro da Educação do Brasil).
Rendimento incondicional, redução de CO2, smart cities, IA e comunidade
Durante o decorrer do Fórum 2050, foram abordados temas de relevância para redefinir o futuro. Refira-se a análise ao rendimento básico incondicional como ferramenta fundamental para a erradicação da pobreza e a promoção de condições dignas de sobrevivência, impulsionando a igualdade de oportunidades, o trabalho digno e o crescimento económico. O evento explorou, igualmente, o potencial de implementação de novos mecanismos económicos, além do reconhecimento legal do sistema climático – onde o CO2 se acumula – como Património Comum da Humanidade, para incentivar a redução das emissões de carbono, com vista a reduções anuais de 70 a 225 Gt de CO2 até 2050.
Paralelamente, foi enfatizada a necessidade da participação ativa dos cidadãos enquanto agentes de mudança social, e a busca por soluções num mundo atual, ainda que imperfeito. Foi também explorado o ressurgimento da habitação colaborativa (iniciativas de co-housing, cooperativas de habitação, habitação participativa, entre outras), como resposta à falta de “habitação acessível”, à progressiva redução do apoio financeiro público para a produção de habitação e às recentes transformações económicas e sociodemográficas.
Foi destacada a transformação das grandes cidades em metrópoles difusas, gerando desequilíbrios entre áreas periurbanas e centros urbanos, e deslocações diárias de mais de uma hora para o trabalho. Nesse sentido, a pandemia reacendeu o interesse na “Cidade dos 15 Minutos”, mas a sua aplicabilidade em núcleos periurbanos e a necessidade de equilibrar proximidade e distância fazem nascer novas abordagens como, a “Metrópole dos 75 Minutos”.
Adicionalmente, foi debatida a aplicação da inteligência artificial (IA) em edifícios e espaços inteligentes como um elemento relevante, unindo seres humanos e IA na sustentabilidade do planeta.
Por fim, foram apresentadas estratégias para prevenir e combater os efeitos do aquecimento global, entre outros temas.
O Fórum 2050, promovido pela Universidade do Porto e pelo PlanAPP – Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospetiva da Administração Pública, onde se insere nas atividades do projeto Lab2050, realizou-se este sábado na Reitoria da Universidade do Porto.
Visões, ideias, políticas e conversas sobre o futuro
A sessão de boas-vindas do Fórum 2050 foi conduzida por Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto para a Cultura e Museus, e por Paulo Areosa Feio, diretor do PlanAPP. De seguida, a primeira mesa-redonda do evento apresentou as “Visões para construir o futuro” de Paola Spinozzi (professora de Literatura Inglesa na Universidade de Ferrara), Gregory Claeys (historiador e professor de História do Pensamento Político na Universidade de Londres), Max Liljefors (professor do Departamento de Arte e Ciências Culturais da Universidade de Lund) e Roberto Merrill (professor de Filosofia Política e Moral da Universidade do Minho). Fátima Vieira moderou também o diálogo entre os membros do painel e com a audiência.
O evento continuou com a apresentação de “Seis ideias para o futuro” por José Pedro Sousa (arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto), Sara Brysch (arquiteta e doutoranda da Technische Universiteit Delft), Nuno Grande (arquiteto e professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra), Paulo Magalhães (jurista, ambientalista, investigador do Centro de Investigação Jurídico-Económica da Faculdade de Direito da Universidade do Porto), Sofia Santos (economista especialista em financiamento verde, climático e sustentável) e Luís Campos (presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente e comissário do Plano Nacional de Saúde 2021-2030). A sessão teve moderação de Fronika de Wit (coordenadora do Projeto Lab2050 do PlanAPP).
O que condiciona as políticas públicas dirigidas para o longo prazo? Que capacidade temos de prever o alcance futuro das decisões políticas tomadas no presente? Em que medida são os ciclos políticos democráticos compatíveis com mudanças estruturais? Como podem estas ser compatibilizadas com os interesses imediatos de grupos específicos? Estas foram as questões centrais da mesa-redonda “Políticas públicas para construir o futuro” que Rob Littlejohn (diretor do Scotland’s Futures Forum), Pedro Teixeira (secretário de Estado do Ensino Superior), Luís Paulo Reis (presidente da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial e diretor do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores da U. Porto) e Joana Mendonça (professora no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e investigadora Centro de do Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento) foram convidados a responder.
Por fim, Elisa Ferreira (comissária europeia para a Coesão e Reformas) e Renato Janine Ribeiro (ex-ministro da Educação do Brasil) foram protagonistas da conversa sobre as principais tendências que, na sua opinião, darão forma ao futuro, perspetivando a evolução das políticas públicas já abordadas no painel anterior e o efeito das assimetrias regionais no futuro planetário. O diálogo “Conversas para o futuro” foi moderado Paulo Areosa Feio.
O Fórum 2050 pode ser revisto na íntegra através do link: https://www.youtube.com/watch?v=SILvLpdcVl4.