Os portugueses estão atentos às empresas que promovem a diversidade e a inclusão. Estas práticas influenciam cada vez mais atração e a retenção de talentos, com 87% dos portugueses a afirmar preferir trabalhar em empresas com boa atuação neste domínio. 60% revelam-se bastante preocupados com a desigualdade de género, com a inclusão de pessoas com deficiência, o racismo, a xenofobia, a diversidade geográfica e étnica e com a discriminação em função da orientação sexual e/ou identidade de género. Estes são alguns dos resultados do estudo “Desenvolvimento Humano, fator-chave para o sucesso de Portugal”, realizado pelo Cetelem – marca comercial do BNP Paribas Personal Finance.
Quanto à igualdade de género nos cargos de liderança, mais de metade (61%) indicam que os homens ocupam em maior proporção estas posições nas empresas onde trabalham. Uma realidade ainda transversal na sociedade portuguesa – recorde-se, por exemplo, que nas empresas cotadas em bolsa, em 2020, as mulheres estavam ainda sub-representadas nos conselhos de administração, tanto na UE (29,5%) como em Portugal (26,6%), segundo os dados da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. Já a equivalência entre homens e mulheres na proporção de profissionais que constituem os respetivos empregadores é referida por apenas 38% dos portugueses inquiridos pelo estudo. A prevalência de homens relativamente às mulheres no mundo do trabalho é apontada por 33%, com apenas 18% dos inquiridos a indicarem que a sua empresa tem mais mulheres.
E estão as empresas a implementar medidas de combate ao racismo, à xenofobia, à diversidade geográfica e étnica, tal como o combate à discriminação em função da orientação sexual ou identidade de género? 72% dos inquiridos respondem afirmativamente. De referir, no entanto, que cada um dos domínios obteve 6% de respostas negativas. A inclusão de pessoas com deficiência é a prática menos expressiva.
Valores baixos na contratação de pessoas com deficiência
Em Portugal, têm-se realizado alguns esforços para que a contratação de pessoas portadoras de deficiência tenha uma maior expressão. Prova disso, foi a promulgação da Lei n.º4/201922, que estabeleceu um regime obrigatório de quotas de contratação de pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, visando a contratação por parte de entidades empregadoras do setor privado e por organismos do setor público.
Porém, ainda há muito trabalho a ser desenvolvido nesta matéria, como demonstram as respostas dos inquiridos. Quando questionados se a sua entidade empregadora contrata pessoas com deficiência, 44% disseram “Não” e apenas 34% responderam afirmativamente. No entanto, 48% dos portugueses sentem que a empresa na qual trabalham está totalmente capacitada para a inclusão de pessoas com deficiência.
No que respeita à área geográfica, as empresas das regiões Norte e Centro de Portugal evidenciam valores mais baixos de contratação de pessoas com deficiência, onde só 19% e 21% dos inquiridos o confirmam, respetivamente. A Área Metropolitana do Porto (48%) é onde se verificam mais contratações, seguindo-se da Área Metropolitana de Lisboa (42%) e da região Sul do país (40%). Por outro lado, destaca-se ainda a discrepância entre as empresas públicas (55%) e mistas (48%) com as empresas privadas (28%).
Qualidade de vida dos colaboradores deve ser prioridade para as empresas
Quando se aborda a temática do Desenvolvimento Humano da sociedade, o investimento que as empresas realizam em prol da sociedade conta igualmente cada vez mais, quer para os cidadãos enquanto consumidores, quer enquanto colaboradores. No entanto, no domínio da Responsabilidade Social Empresarial, 40% dos inquiridos afirmam que as iniciativas devem começar nas empresas, priorizando a qualidade de vida dos seus trabalhadores. Seguem-se a promoção da diversidade e inclusão (35%), ações de sustentabilidade (34%) e o apoio a associações e instituições (25%). Apenas 18% referem a promoção do voluntariado.
Cerca de 90% dos inquiridos avaliam de forma positiva as empresas quanto à adoção de novas formas de trabalho, à preocupação que têm em relação à saúde e bem-estar dos colaboradores, à contribuição para o bem-estar da sociedade, à preocupação em serem entidades inclusivas, bem como à flexibilidade para o equilíbrio entre a vida e o trabalho. Contudo, apenas 16% avaliam as empresas nestes tópicos com as notas máximas.
Os resultados mostram ainda que 44% dos portugueses afirmam que as empresas para as quais trabalham apoiam associações ou instituições de cariz social, mas apenas 15% dizem que o apoio é realizado ao longo do ano e 19% em épocas específicas. 10% revelam ainda que o apoio é realizado quando surge uma necessidade ou pedido. De acordo com as respostas dos inquiridos, as empresas das regiões Norte (19%) e Centro (21%) serão as que prestam menos apoio social em comparação às que se localizam nas Áreas Metropolitanas do Porto (48%) e a de Lisboa (42%). Quanto à tipologia, as empresas públicas (55%) e mistas (48%) prestam mais apoios sociais a associações ou instituições face aos 28% referidos por colaboradores de empresas privadas.
Por fim, 7% dos portugueses afirmam, ainda, que têm a possibilidade de trocar dias de trabalho por voluntariado. As empresas que se situam nas regiões de Lisboa, Porto e do Sul do país são as apontadas como as que mais promovem iniciativas de voluntariado de âmbito empresarial, com uma média de 43%, face às regiões Norte e Centro – com uma média de 20%. Os que trabalham em empresas públicas (42%) e mistas (33%) são mais expressivos a apontar ações nesta área, em comparação com os colaboradores das empresas privadas (23%).