A Fundação AEP realizou um estudo de boas práticas internacionais de colaboração e transferência de conhecimento e tecnologia (CTCT) entre Instituições de Ensino Superior (IES) e empresas. A iniciativa integra a ordem de trabalhos do Desafio 2030. O estudo, desenvolvido no âmbito do Sistema de Apoio a Ações Coletivas, cofinanciado pelo COMPETE 2020, através do Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), foi produzido pela Accenture Strategy & Consulting e contou com a parceria do Banco de Empresas Montepio.
“Num contexto societal marcado pela crise Covid-19, onde a ciência passou a ocupar um lugar de destaque na sociedade, este estudo procura apontar caminhos para que Portugal possa desenvolver uma melhor colaboração entre entidades nas atividades de inovação”, pode ler-se no estudo.
Segundo Luís Miguel Ribeiro, Presidente da Fundação AEP, “academia e empresas devem estar mais alinhadas para uma meta comum: contribuir para o crescimento da competitividade nacional. Este estudo pretende apoiar a implementação de um modelo de inovação aberta que, apesar de já ter alguns anos, apresenta ainda dificuldades de adesão”, refere.
A competitividade internacional das empresas depende cada vez mais da sua integração em cadeias de valor globais. Para que isso se concretize, as empresas necessitam de apostar no desenvolvimento de práticas avançadas de gestão e organização do trabalho, na capacitação dos seus colaboradores e na gestão da inovação. Só assim as empresas se podem manter relevantes num mercado global e encontrarem formas de se diferenciarem da concorrência, alcançando vantagens duradouras de forma a serem sustentáveis no longo prazo.
Principais conclusões e recomendações
A colaboração entre entidades estimula a inovação e a competitividade empresarial. Portugal é considerado um país fortemente inovador, mas com debilidades na CTCT. Ocupa a 12ª posição do ranking do European Innovation Scoreboard (EIS 2020)onde apresenta um Índice de Inovação Geral de 97.
Para além disso, o estudo também permitiu concluir que existe uma reduzida colaboração entre os académicos e as empresas portuguesas. 68,9% dos académicos portugueses refere que não colabora em I&D com empresas e outras organizações. Afalta de tempo alocado, a insuficiente valorização das atividades de colaboração e a falta de financiamento são os principais fatores que dificultam a realização de atividades de colaboração entre entidades.
O estudo apresenta ainda uma comparação entre a percentagem de PME que introduziram inovações no mercado com a percentagem de PME inovadoras que colaboram com outras entidades e que demonstra uma correlação positiva entre estes indicadores, “sugerindo que a colaboração entre entidades tem um efeito positivo na inovação empresarial, contribuindo assim para um aumento no volume de negócios”, refere o Luís Miguel Ribeiro.
Para além disso, a análise comparativa da performance dos diferentes sistemas científicos e tecnológicos europeus, mostra que os países em que os sistemas apresentam melhor desempenho revelam resultados económicos por empresa e por trabalhador superiores. No total, foram compilados cerca de 20 casos de sucesso, com destaque para países como Áustria, Bélgica, Finlândia, Países Baixos e Suécia.
Foram ainda identificadas onze boas práticas que poderiam ser aplicadas em Portugal. Um portal de investigação aberta, um centro de gestão de carreiras e um programa de financiamento são três dessas sugestões. Estas recomendações surgem como propostas de combate às principais dificuldades identificadas, como culturas de gestão diferenciadas, incentivos e financiamento, tempo alocado e valorização.